domingo, 8 de agosto de 2010

Somente o necessário



escrito por         Sumaya Prado

Brasília, maio de 2010

Vale quanto pesa

Quanto pesa o que você juntou durante sua vida? Se acaso precisar mudar suas coisas de lugar de um dia para outro, de quantas malas vai precisar? Você será capaz de carregar suas coisas sem resmungar ou vai precisar de ajuda? O que você acumulou vale quanto pesa? -Sumaya Prado, livro da tribo- 2009.

Escrevi este texto em 2008, que foi editado pelo Livro da Tribo em 2009. No mesmo ano, para o mesmo livro, escrevi:
Coragem
passe adiante
parte
de sua bagagem
Sumaya Prado , livro da tribo -2009

Enquanto observava o que havia escrito, me lembrei de uma história que ouvi em um dos tantos intensivos de Yoga e depois, descobri o texto na integra no livro “Como um místico amarra seus sapatos” de Lorenz Marti:
"Aconteceu há muito, muito tempo. Num casebre muito pobre junto aos portões de entrada da cidade vivia um eremita. Ele era venerado como um asceta santo, muitas pessoas procuravam seus conselhos. Até o rei já tinha ouvido falar dele. Ele quis conhecer esse homem de qualquer maneira. Um dia ele foi até o casebre e perguntou-lhe se não queria mudar-se para o palácio.
__ Se o senhor quiser - respondeu o eremita - Posso ir a qualquer lugar.
O rei ficou surpreso, mas não deixou isso transparecer. Ele já havia imaginado que o eremita aceitaria seu convite. Um verdadeiro eremita não deveria recusar a oferta? O rei começou a ter dúvidas. Mas como ele já havia feito o convite, levou o homem ao palácio onde mandou que lhe preparassem um belo quarto e uma boa refeição.
E o que fez o eremita? Ele usufruiu do belo quarto e da boa comida. No dia seguinte também, e no seguinte ao seguinte. Esse homem, que dizia ser um asceta, deixou-se tratar muito bem no luxuoso palácio. O rei estava profundamente decepcionado. Depois de uma semana ele falou diretamente ao estranho hóspede:
__Desculpe-me, mas simplesmente não consigo entender como você, um asceta, pode viver em um palácio? Qual a diferença entre você, um homem santo, e eu, um rei?
__Se o senhor quer ver a diferença, então venha comigo para fora da cidade.
Os dois se puseram a caminho. Caminharam por muito tempo sobre campos ensolarados, bosques úmidos e aldeias isoladas. E quanto mais caminhavam, mais impaciente o rei ficava. Quando anoiteceu ele pediu ao eremita insistentemente que finalmente respondesse à sua pergunta.
__Eu lhe direi apenas uma coisa - respondeu ele __Não voltarei mais. Seguirei adiante. O senhor virá comigo?
O rei sacudiu a cabeça.
__Não posso. Não posso abandonar meu reino e meu palácio. Além disso tenho uma família.
__Está vendo a diferença? Eu posso seguir adiante, não deixei nada para trás. Desfrutei das comodidades do palácio. Mas não me apeguei a elas. Por isso eu posso agora seguir adiante.
__Por favor, não faça isso - disse o rei - Volte comigo ao palácio.
__Para mim não faz diferença se volto ao palácio com o senhor ou sigo adiante. Mas se eu voltar, também voltarão suas dúvidas. Por isso, por amor ao senhor, eu seguirei adiante." 

Então pensei: Estamos preparados para deixar para trás o que não é nosso (principalmente acreditando que somos donos de alguma coisa ou alguém) e seguir adiante? Creio que às vezes sim e às vezes nem tanto assim. E isso, para mim, não está definitivamente relacionado a se tornar um asceta, abandonar a vida concreta ou algo do gênero, mas à prática do desapego, conhecido no Yoga como Aparigraha, seguros de que os pensamentos, palavras e ações de nossa vida constroem o suficiente para cada momento. Podemos treinar  sentir e  seguir cantando como Mogli, o menino lobo e seus amigos: “Necessário, somente o necessário, o extraordirnário é demais, eu uso o necessário, somente o necessário, por isso é que essa vida eu vivo em paz”.

Vamos à pratica!
Sumaya Prado

Sumaya é professora de yoga em Brasília
sumayaprado@yahoo.com.br




11 comentários:

  1. Sumaya,
    Seu Post me levou à maravilhosas reflexões!
    Estou muito feliz por você ter colocado a idéia do blog em prática!
    Assim, posso refletir um pouco e deixar a vida mais leve!
    Obrigada por sempre mostrar os bons caminhos da vida!
    Grande Beijo... Betulia

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  2. Sumaya, agradeço pelo Blog!
    Adorei!
    Muitas reflexões para nós fazermos após a leitura deste texto.
    Eu já tive oportunidade de me livrar de muitas "bagagens" materiais, porém ainda preciso aprender a me livrar de "tralhas" emocionais que, muitas vezes não possui um peso quantificável e podem atrapalhar muito nossas vidas.
    Beijo Grande! Saudades Cris

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  3. Sumaya,
    O blog está lindo!
    E que texto mais oportuno. Fiquei com a sensação de que tinha sido escrito pra mim, rs!
    Obrigada pela sábias palavras, hoje e sempre!
    Namaste...Bju

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  4. Querida Su!
    Que belo texto!
    Mas amei, amei d+ mesmo foi a lembrança do Mogli, meu amor de criança e de sua frase tão, tão simples e tão verdadeira quanto necessária.
    Namastê!
    Corina

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  5. Querida,
    Como você é linda!
    Um beijo
    Márcia

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  6. Su,

    Amo você!
    Amei a ideia do blog, aqui é um jeito de ficar um pouco mais perto de você.

    Beijos

    Thiony

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  7. Oi Sumaya!
    Muito bom quando a gente tem a coragem de expor
    nossos pensamentos, idéias em forma de textos ou poesias.. Não é pra qualquer um, não!
    Ótima iniciativa, suaves inspirações!

    Namastê,
    Nádia

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  8. Olá Sumaya querida.
    Que bom ter acesso a um pouco dos seus tantos talentos...
    Continue assim, nos dando o privilégio de te acessar, pelo menos um pouquinho por esse louco rápido mundo internauta.
    Abraço de urso, cheio do amor de Deus.
    ah, da uma voltinha pelo meu massagemterapeuticamarciateixeira.blogspot.com

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  9. Oi querida como estas? saudades... e viva o desapego, acabo de voltar da india de novo! Me deparar com este texto me dá toda a motivação pra continuar seguindo esse caminho do presente e do desprendimento. Meu lema de vida é simplicidade é liberdade! Se puder dá uma olhada nos blogs que tenho um das viagens e outro de inspirações: www.aoencontrodesi.blogspot.com e www.eternoimortal.blogspot.com

    tudo de bom em paz e bem, beijamor em luz

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